quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um lugar que não existe.

Não sei de quem foi a idéia, mas foi muito boa. Tenho ou tive, ainda não sei ao certo, uma banda que montei com uns amigos, amigos que acabei encontrando na faculdade porém essa amizade se estendeu e tenho certeza que serão amigos pra vida. A minha dúvida sobre a existência da banda é que demos um tempo, porque o relacionamento tava meio desgastado, deixamos isso acontecer, mas ainda temos alguns ensaios quando bate aquela saudade, e nem por isso deixamos de nos ver, quase toda semana nos encontramos pra ver um filme, sair juntos ... percebeu como uma banda é uma espécie de casamento?
Mas a boa idéia que me referi surgiu num ensaio quando alguém brilhantemente deu a idéia de alugar um sitio ou algum lugar isolado num final de semana pra nos dedicarmos a música. Os requisitos eram: não podia ser um lugar muito longe, nem caro e isolado, e foi assim que conhecemos o sitio do Chico Anísio, isso mesmo, na verdade o dono se chama Anísio, mas foi inevitável chamá-lo assim depois de chamarmos de Chico quando entramos em contato com ele por telefone pela primeira vez, provavelmente isso foi um caso de “ato falho” que o estudante de psicologia e integrante da banda Djú pode explicar melhor.
Mas o Sítio do Chico Anísio é um pequeno paraíso na terra, muito bonito, tão isolado que até a casa do caseiro é longe, perto de São Paulo, foi tão perfeito pras nossas necessidades que não sei nem se aquele lugar existe de verdade. De fato fomos lá algumas vezes, nem tanto com o propósito de ensaiar mas pra curtir o lugar, mesmo assim sempre levamos uns violões.
Sim um paraíso, porém um paraíso que tem seus mistérios. Entrando no sitio conhecemos a Gigele, não é Gisele e sim Gigele, que é uma parte de baixo de um manequim feminino que tinha no meio de uma das salas, muito estranho, quem em sã consciência tem um manequim em casa e ainda pela metade? A parede dessa mesma sala tem varias fotos dos pés de alguém que acreditamos ser a dona do sitio, a senhora Chico Anísio. E umas bruxinhas e anjinhas por todo lado em meio a decoração rústica do local. Um lugar que tem um ar meio místico e bem legal.
A casa tem outros mistérios, um morcego que entra e simplesmente desaparece, um som de brinquedo no meio da madrugada e o pior de todas, certa vez surgiu a idéia de levar um filme pra ser visto a noite, o filme escolhido foi “O Exorcista”, justamente para intensificar o ar de mistério da casa. No momento que colocamos o filme pra rodar e apareceu a primeira cena as lâmpadas da casa começaram a estourar e acabou a energia elétrica. Parece mentira mas não é, surgiu um inicio de pânico e o jeito foi tentar achar a caixa de energia, imagina todo mundo no escuro, juntos, procurando a caixa de energia pra tentar arrumar o problema. No outro dia o caseiro disse que foi um problema na rede elétrica, mas foi no mínimo estranho.
Apesar disso somos pessoas corajosas e a Nini levou um cão de guarda que nos protegeu, uma cadelinha chamada Kitty que é menor que os morcegos.
Independente disso é um lugar maravilhoso, um lugar onde os químicos ambientais descobriram hifas nas árvores que crescem só onde o ar é muito puro, realmente esse lugar não existe.
Estamos marcando mais uma aventura por la, vamos fazer um som, levar um bom vinho pra tomar em frente a lareira, fazer um fondue, trilha, sentir o cheiro do mato e outras coisas do tipo bucólicas. Se acontecer mais alguma coisa estranha e se conseguirmos sobreviver ... pode deixar que conto para vocês.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Manhattan Murder Mystery.

Sabe quando você gosta muito de uma coisa e perde até a credibilidade pra comentar? Pois é, isso as vezes acontece comigo com bandas ou filmes. Ontem a noite vi um filme do Woody Allen, e esse é um bom exemplo das coisas que gosto muito. O Filme foi “Manhattan Murder Mistery”, já tinha visto esse filme um tempo atrás e tinha me esquecido como era bom.
O Filme fala sobre a morte de uma vizinha do casal interpretado por Woody Allen e Diane Keaton (Larry e Carol), a vizinha supostamente teve um ataque cardíaco, mas Carol “quer acreditar” que o vizinho matou a esposa, então começa investigar esse suposto crime. Não tinha nenhum motivo forte para ela acreditar no crime, a não ser o fato dela desejar esse assassinato, uma busca por sentido, da mesma forma que todos nós acreditamos em muitas coisas pra dar sentido a vida. Então ela investiga esse assassinato e descobre alguns mistérios envolvidos nessa morte.
Essa é a historia aparente do filme, ai ta a genialidade do Woody Allen, será que eu to exagerando chamando o de gênio?, o filme não fala de assassinato, o filme fala sobre um casal de meia idade que começa a entrar na rotina, a forma da Carol fugir disso é acreditar nesse crime. Ela ainda é estimulada por um amigo que sempre foi apaixonado por ela, isso faz com que o Larry, que é o Judeu, novaiorquino, neurótico, Freudiano e medroso, típico dos personagens dele, perceba que pra reconquistar sua mulher vai ter enfrentar o medo e entrar nessa história. É engraçado que a partir desse momento ele começa a acreditar mais do que ela na historia e vira o estímulo da investigação. Por esse ponto de vista a morte da vizinha é só uma fato que é utilizado pra contextualizar o enredo principal, que é o relacionamento ou como manter uma pessoa apaixonada por você ou ainda fazer com que ela perceba que te ama. Tá vendo galera, é aquela famosa frase, “o difícil não é conquistar uma mulher e sim conquistá-la todos os dias da vida”, achei legal comentar esse filme por isso, esse é o tema dos filmes do Woody Allen, os relacionamentos.
É um filme engraçado e divertido, nele Woody Allen deixa bem claro a paixão por sua cidade. Muito bom, mas ainda pode ser uma opinião contaminada como já expliquei, pra mim é um daqueles que você não fica olhando pro relógio do DVD pra saber quanto falta pra acabar, e quando você ve ... ja acabou.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Coisas da arte da vida ou da vida na arte.

“Ser ou não ser... eis a questão”, ninguém pode negar que essa frase é sensacional, quando Hamlet questiona sua própria existência. Lendo o que postei alguns dias atrás pensei, será que um dia vou ler tudo isso que escrevi e pensar “nada disso faz sentido”. Mas isso é um risco que se corre, isso é como se eu fotografasse meu rosto todos os dias e colasse numa parede e depois de muitos anos comparar as mudanças que o dia a dia não permite percebê-las porque são graduais, essa idéia das fotos partiu de um amigo que de vez em quando tem essas idéias diferentes, mas pelo menos interessantes
O fato é o que me fez pensar nisso é o aniversário do meu amigo Adriano, tá fazendo 29 anos hoje, eu to com 27, percebi que estamos envelhecendo e as coisas vão mudando, percebi que não é tão ruim envelhecer quando envelhecemos junto com os amigos. Detalhe, o cara das idéias diferentes é ele.
Mas é legal ter um espaço pra falar sobre música ou qualquer coisa, nem perco muito tempo, o que postei escrevi muito rápido. Também nem sei se vou escrever só sobre música aqui, a princípio essa era a idéia, mas acho que posso escrever sobre qualquer outra coisa da arte da vida ou da vida na arte.

sábado, 16 de maio de 2009

Miles Davis e o Velho do Metro.

Nessa última sexta feira cheguei em casa, preparei algo pra comer e liguei a tv num desses jornais que passam a noite, quase de madrugada. Entre várias delas surgiu a noticia sobre os 50 anos do disco de Miles Davis, “Kind of blue” e sobre um show comemorativo aqui em São Paulo com o baterista, o único vivo que estava na gravação desse disco. E algo me despertou interesse, o que tem de tão especial nesse disco?, porque ele se tornou inspiração pra tantos?, o que faz ele ser vendido assim?.
Resolvi ouvir e então me deparei com um sexteto, piano, contrabaixo, bateria, dois saxofones e o trompete de Miles Davis.
A musicalidade do grupo é inquestionável, o disco é basicamente batera, baixo e piano dando um apoio harmônico com o dois saxofones e o trompete que criam temas e improvisam em cima deles, com aparições do piano algumas vezes reforçando alguns temas ou improvisando como em “Freddy freeloader” ou “Blue and Green” Quando eu digo basicamente não pode ser entendido com simples, pois improvisar pelo menos no meu ponto de vista é muito difícil, improvisar bem.
O fato é que não conheço o suficiente pra postar opiniões sobre esse disco de Miles Davis, e sobre Jazz em geral, isso que estou escrevendo é só uma impressão de quem esta ouvindo o disco pela primeira vez, mesmo porque esse é o meu objetivo no blog mostrar minhas impressões, o que posso dizer pelo pouco que sei sobre música é que inquestionavelmente os instrumentistas que tocaram nesse disco são muito bons.
A princípio eu não ia escrever nada a respeito sobre o disco, pela minha falta de conhecimento jazzístico, mas ouvindo o disco me veio uma lembrança de algo recente e acho que relevante.
Fiz um intercâmbio de trabalho de férias com 2 amigos, Nicole e o Juliano, então saímos os 3 pra comemorar o nosso último dia em NY, fomos num bar na Times Square, conversamos a noite inteira, rimos, comemos, bebemos já em clima de despedida, moramos 3 meses juntos. No fim da noite fomos pra estação de Metro, logo que entramos vimos um velho sentado num banco com um o case aberto no chão do teclado que tocava no colo com uma mão, com a outra mão ele tocava seu trompete. Era um grande musico, era seguro ritmicamente, tinha um controle de dinâmica musical e muito expressivo. Em alguns momentos tive a impressão que ele entrava em transe curtindo seu próprio som, não notava a provocação de algumas pessoas que passavam do seu lado, talvez porque isso não o interessava, ele sabia que ali havia pessoas que paravam pra escutá-lo, entre esses estávamos nós, ficamos ali encostados nos pilares do metro ouvindo.
Ali tudo fez sentido, a música dele era a música daquela cidade, é o mesmo tipo de relação íntima que Woody Allen mostra com sua cidade no filme Manhattan, esse velho desconhecido mostrou a relação dele com a cidade através da musica, é como viajar pra Pernambuco e ver um grupo regional tocando maracatu, ou no interior de Minas e ver aquelas festas do divino espírito santo com musicas caipiras, é muito íntimo desses lugares, faz parte da geografia.
Por tudo isso achei importante escrever, não só pelos jazzistas famosos que merecem todo nosso respeito, porque eles são bons no que fazem e porque inspiram o mundo, mas também por aqueles que estão no metro de Nova York ou no sertão brasileiro e que fazem com prazer, música.

Dig out your soul

Não poderia começar melhor, ainda inspirado pelo show do último sábado, vou escrever minhas impressões sobre o "Dig out your soul", último disco do Oasis.
A primeira vez em que ouvi esse disco, pela indicação de um grande amigo logo depois do lançamento, pelo menos 3 músicas me chamaram muita atenção o que indicaria algo de bom, pois ali nas entrelinhas deveria haver outras coisas boas que uma primeira audição desatenta não encontraria.
Muitas comparações foram feitas com discos dos Beatles, lógico, eles nunca negaram essa influência e a importância dos Beatles em suas composições, isso bem explícito pela banda nas letras e mesmo no trabalho final dos encartes dos CDs onde são feitas referências. Mas não compararia exclusivamente a nenhum disco dos Beatles por que acho uma comparação forçada, mas uma boa comparação pode ser feita com a chamada fase psicodélica dos Beatles, isso não é novo, Oasis experimentou essa influência psicodélica em outras musicas de discos passados, como exemplo “The Hindus Times” e “Who feels Love”, mas acredito que essa influência veio com mais força dessa vez e se consolidou nesse disco, chegou a esse ponto de forma gradual. “To be where there’s life” é quase um mantra, melodias com notas longas, o repetição da mesma célula rítmica do baixo e uma cítara no fundo como um baixo contínuo.
Ainda falando sobre referências, “Waiting for the rapture” me lembra muito “One to Five” do The Doors, lógico que isso pode simplesmente ter sido coincidência, mas seria uma referência interessante, lembrando que The Doors tem uma música muito conhecida chamada “Waiting for the Sun”, apesar disso “Waiting for the rapture” é diferente da música do The doors do ponto de vista melódico e mesmo em sua estrutura.
Ao contrario de que muitos podem pensar, acho que trazer as referências de outras bandas é natural e inevitável, acho que a criação pura não existe, e acho até positivo quando uma banda “rouba” uma melodia, um riff ou faz uma referência a outra banda em suas músicas, muitas vezes isso enriquece a obra e deixa mais interessante no contexto, o melhor exemplo pra isso é “Don’t look back in anger” que as primeiras notas no piano da música é “Imagine” tocada em outro tom, na minha opinião não há melhor homenagem do que essa pro Jonh Lennon.
Não penso por tudo isso que faltou criatividade, muito pelo contrario, acho esse disco muito criativo, ele traz essas referências que podem ser até mesmo inconsciente mas trás algo de novo, principalmente do ponto de vista rítmico.
O disco começa com Bag it up e na sequência “The turning”, gosto da forma com que elas se imendam, aliás esse recurso foi usado algumas vezes no disco. “The shock of the lightining” é uma música típica do Oasis, aquela que da vontade de sair pulando no show, tipo “Rock and Roll Star, Lyla e Supersonic”. “I’m outta time” é uma música que poderia ser dos Beatles se ninguém me contasse que é do Oasis, tem momentos na que até ouço o John Lennon cantando, a voz, o jeito de cantar é muito do John.“High horse Lady” é aquela musica que você ouve e gosta de prima, muito boa tem uma ritmo gostoso de se ouvir. A partir de High horse Lady o disco toma aquela força psicodélica que falei anteriormente, ”Falling down, To be where there’s life, ain’t got nothing, The nature of reality e Soldier on”. Gosto muito da guitarra usada em “The nature of reality”, o timbre, a pegada é muito boa fazia tempo que não ouvia algo desse tipo. “Soldier on” é uma musica que me lembrou “Whiskey Bar” do The Doors, fui ouvir e vi eu não tem nada a haver mas tem algo nela que me lembra The Doors também.
Em fim Dig out your Soul é um disco que gosto de ouvir inteiro e isso é raro normalmente tem aquelas músicas que faço questão de passar, todas músicas tem algo que me desperta prazer em ouvi-las. O ponto alto de tudo pra mim é “To be where there’s life”, isso não quer dizer que gosto mais dela do que das outras, mas essa me chamou muito a atenção.
Espero que o Djú e o Adriano comentem, porque eles sim conhecem Oasis de verdade.