Dei a este experimento o nome de “A construção do amor”, uma tentativa de mapear as etapas e rotas de uma relação desde o seu “momento zero”, o exato instante que um decide se entregar ao perigo que é debruçar-se sobre o abismo do outro.
Todo amor se estabelece a partir de acordos que servem ao seu tempo, apresentações de limites para construção de algo muito precioso, essencial num relacionamento, a cumplicidade.
Aquele que chega precisa, antes de mais nada, descobrir seu lugar de acomodação no outro e junto ao outro. Trata-se de buscar a afinação com o lugar e com o outro. Algo muito sutil, um desejo de fazer com que o coração que chega bata na mesma freqüência do coração que recebe.
Então uma estrela vermelha se levanta no céu e anuncia a tempestade, não é algo racional até porque nenhuma tempestade é racional. Mas embora ninguém seja capaz de identificar de onde surge algumas insatisfações, o certo é que no campo das afinidades começam, de repente, a brotar as diferenças.
Há um momento que o ser amado passa a ser visto como humano. É o momento que um enxerga no outro nossa triste e encantadora humanidade. Adentra-se então o reino das fraquezas , das imperfeições, de tudo aquilo que na impossibilidade de compreender apenas aceitamos. Nesse reino o silencio é um refúgio confortável.
Um paradoxo deste experimento: Não pode haver entrega total sob o olhar do outro, em especial no momento em que os amantes vivem a expectativa da construção de alguma coisa maior que o simples desejo da carne. Nessa etapa o sexo pode ser usado na tentativa de restabelecer vínculos rotos. Mas não cura, porque na verdade, a doença ainda não se manifestou.
Aqui já esta presente a doença, a tentativa de um se apoderar do outro. Não é suficiente que um atenda os desejos do outro, é indispensável que os dois tenham desejos que sejam iguais no tempo e no espaço. É hora de um pacto de redenção.
Talvez ela esteja dizendo que também saiba representar, sabe portanto, simular e dissimular a dor. Talvez ele o ator ... é ... esteja vivendo a verdade seu papel. O risco para ambos é não perceber que toda a representação contem sua própria verdade.
É chegado o momento do tédio, dos embates, é, e porque não dizer das primeiras ilusões do encanto e também é o momento do sacrifício, quando a ela só resta oferecer como presa o seu algoz pra que o experimento não seja abandonado, ela não quer que ele abandone o jogo e nesse instante o amor atende por outro nome, doença.
Os apaixonados fabricam para si um esquecimento do mundo encerando-se numa reserva de sonho. Porém eles sabem que todo sonho é provisório e chega o tempo de voltar ao contato com o externo, o acordo dos amantes se torna mais flexível, admitem o ruído humano que vem de fora. O mundo chama.
Para persistir, o encanto dos amantes terá de se reinventar , de assentar sobre novas bases. Saber se isso será possível, significa conhecer o grau de entrega, saber o quanto cada um esta disposto a abrir mão de si mesmo para ser um pouco do outro e do outro.
O experimento chega ao momento decisivo, foi uma batalha. É hora de examinar os ferimentos de guerra, de exibir como medalhas as marcas que cada um quer carregar pela vida.
Dissipa-se a competição e a cumplicidade chega a um estado mais avançado, O AMOR.
Os amantes estão tão próximos que um se mostra para o outro como é, ou como pensa que é. Casais nesse estágio, estão em ponto de procriação, é hora de dar ao mundo um testemunho desse encontro, de dizer enfim que o jogo do amor não permite controle, ou não será amor mas apenas controle.
Sorry!!!!
Há 14 anos
E toda história tem um começo, um meio e um fim... Aquilo que pode mudar com o tempo, muda a qualquer momento. Caso essa batalha chegue ao fim e o resultado seja de 2 vencedores, daí haverá uma amor que não muda, um amor que, de tão real, será quase palpálvel...
ResponderExcluirAdorei!!
Talvez nos vemos em Setembro então!!!!
Bjos
Cá
Du, vc escreve maravilhosamente bem! E melhor ainda quando é sobre o amor!!
ResponderExcluirPrecisamos escrever aquela nossa história!!! hehehe
Adoro-te!!
kisses
Procuramos um segundo "eu" até descobrir que "eu" tem um só. Sozinho.
ResponderExcluirEdu, vai ser escritor vai!
beijo